"Quero ter alguém com quem conversar..."

Bom, o tempo corre e as coisas mudam. Pinturas, reformas, mudanças. Inquietação e vontade de ver tudo diferente. Assim como a casa sinto me mudando a cada dia. Transformações que tem me dado um certo medo e um frio na barriga, a externalização cai como irritação e antipatia.

Mais afinal o que incomoda? A verdade é que às vezes a gente cansa de ser o que é. Sempre a filha de alguém, a irmã, a amiga, aquela outra. Sinto-me como eterno apoio de todos. Não que não seja bom, mais chega uma hora que cansa viver a vida de outros. Queria viver a minha vida, mais é tão difícil.

Sinto como se todos os meus problemas e preocupações atuais não fossem meus. Sinto-me responsável por muitos problemas de terceiros, próximos, mais não eu. Um egoísmo bate fundo e me sinto mal.

Não que eu não goste e não irei ajudar os outros, só que, às vezes a gente tem que se ajudar, e eu não sou boa nisso. Minha vida tem tomado um rumo estranho e nunca me senti tão sozinha.

Talvez as coisas mudem, talvez não. Mais do que nunca percebo que estamos sozinhos nisso tudo. Ah! Como falta algo! Só eu sei o que é, e quando vou falar, não sai nada, não consigo explicar, as palavras se escondem, fogem e só quando fecho os olhos é que entendo, ou não.

Talvez a minha missão seja não viver, talvez essa mania de se afastar de pessoas que gosto seja a razão. Talvez eu nem saiba do que estou falando. A única coisa que sei é que pelo menos por agora vou voltar a resolver os problemas dos outros, pois eles precisam de mim. Mais por que ainda me sinto sozinha?

“Eu sei, é tudo sem sentido
Quero ter alguém com quem conversar
Alguém que depois
Não use o que eu disse
Contra mim

Nada mais vai me ferir
É que já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais
Como eu sei que tens também.”
(Legião Urbana - Andrea Doria)